Terceira objeção
Pode-se argumentar que uma definição disjuntiva pode resolver o problema. Suponha que temos esta definição disjuntiva de causação: c é uma causa de e se e somente se c é ou uma condição logicamente suficiente de e, ou c não é uma condição logicamente suficiente de e mas satisfaz (digamos) as condições humeanas.
Um problema com esta definição disjuntiva é que ela classifica o sol ser amarelo como uma causa do sol ser colorido. De maneira que não funciona por esta razão, assim como pelas outras razões mencionadas em minha discussão da explicação de causação oferecida por Sosa.
Mesmo que acresçamos a condição da prioridade temporal, esta definição disjuntiva não irá funcionar. Podemos dizer: c é uma causa de e se e somente se OU c é tanto uma condição logicamente suficiente de e quanto temporalmente anterior a e OU c não é uma condição logicamente suficiente de e e satisfaz (digamos) as condições humeanas. John ser um organismo vivo (ou John ser encarnado num corpo mortal no instante t) é tanto temporalmente anterior a quanto é uma condição logicamente suficiente para João estar morto, mas João ser um organismo vivo (ou João estar encarnado num corpo mortal no instante t) não é a causa de sua morte. Sua morte é causada, digamos, por um atropelamento ao atravessar a rua. O conceito expresso por “é um organismo vivo” analiticamente inclui o conceito expresso por “é mortal” e as verdades lógicas relevantes (por exemplo, “se x é um organismo que morre, então x morre”) podem ser obtidas por substituição de sinônimos.
Suponha que nos tornemos ainda mais específicos e em vez disso digamos: c é uma causa de e se e somente se OU c é Deus na relação R com e OU c não é uma condição logicamente suficiente de e e satisfaz (digamos) as condições humeanas. Mas esta tentativa de produzir uma definição satisfatória fracassa por duas razões interrelacionadas:
(i) Uma condição logicamente necessária para uma definição correta de um universal puramente qualitativo, seja uma propriedade monádica ou uma relação (como a causação ou a intencionalidade) é que a definição não inclua um disjunto que menciona um caso particular que não satisfaz as condições gerais descritas no outro disjunto. Um universal puramente qualitativo não inclui quaisquer particulares como constituintes. Um exemplo de universal qualitativo impuro é ser mais alto que o Monte Everest. Definições de universais puramente qualitativos mencionam condições gerais e não incluem referencias a qualquer caso particular, como o caso particular de Deus numa relação R com algo.
(ii) Se se permitisse que esta condição lógica para as definições corretas de universais puramente qualitativos (isto é, a condição de não mencionar qualquer caso particular num disjunto) fosse violada, então o procedimento de testar definições pelo método dos contraexemplos (o método padrão para se testar a correção de definições) não mais seria utilizável. Qualquer contraexemplo para uma definição poderia ser tornado consistente com a definição adicionando-se à definição o disjunto que menciona o contraexemplo. Para salvar a definição “x é um planeta se e somente se x é um corpo grande que orbita uma estrela e não contém vida”, podemos expandi-la para “x é um planeta se e somente se x é um corpo grande que orbita uma estrela e não contém vida OU x é a Terra.” A distinção entre definições corretas e definições ad hoc desmoronaria.
Quarta Objeção
Um argumento final é que filósofos de Platão a Plantinga tem descrito o estado mental relevante de Deus como uma causa do universo, e portanto esta é uma noção aceitável. Há tanto um costume filosófico estabelecido de chamar a relação de Deus como universo uma “relação causal” quanto uma longa e venerável tradição que sustenta ser coerente descrever um estado mental divino como uma causa.
Este argumento, que na verdade é um “apelo à autoridade”, é malsucedido, uma vez que se este argumento fosse admissível, ele poderia ser usado para rejeitar qualquer nova teoria que seja inconsistente com as teorias tradicionalmente sustentadas. Este “apelo à autoridade” na melhor das hipóteses nos motiva a examinar seriamente a noção de que os estados mentais de Deus são causas, em respeito ao fato de que praticamente todos os filósofos e leigos aceitaram esta noção como logicamente incontroversa.
Para responder plenamente a esta objeção talvez precisemos também de uma explicação da razão pela qual esta tradição equivocada prevaleceu por tanto tempo e entre tantos filósofos. Acredito que a principal razão seja que uma investigação da conexão lógica entre o que é expresso por “o começo da existência do universo é o resultado de um ato divino” e o que é expresso por “o evento natural e é o resultado causal do evento natural c” não ter sido empreendida de maneira sistemática. (A principal exceção é a diferente mas esclarecedora discussão desta conexão nos escritos recentes de Adolf Grünbaum[21]. A maioria dos filósofos tem pressuposto de maneira implícita que “a causação divina é logicamente possível” é incontroversa, mas uma vez que esta tese seja examinada, a pressuposição revela-se falsa.
6. Conclusão: Argumentos Cosmológicos e Teleológicos para a inexistência de Deus
À primeira vista, pode parecer que o argumento deste artigo nos diz mais sobre a natureza da causação e a natureza de Deus do que sobre a disputa ateísmo versus teísmo. “Um estado divino não pode causar o começo da existência do universo” não implica que Deus não existe ou que o Big Bang não seja o resultado lógico de um estado divino. Ele implica meramente que não podemos descrever um estado divino como a causa originária do universo.
Não obstante, há implicações importante e talvez decisivas para o debate entre o ateísmo e o teísmo, a saber, que argumentos a partir de verdades necessárias, verdades apriorísticas ou verdades empíricas de algum principio causal não podem ser uma premissa relevante da qual deduzir ou induzir que o Big Bang é a consequencia lógica de Deus manter uma relação R com a propriedade de ser o Big Bang. Considere o seguinte argumento:
(4) Tudo o que começa a existir tem uma causa.
(5) O universo começou a existir.
Portanto,
(6) O universo possui uma causa.
Este argumento fracassa em respaldar a tese de que Deus existe ou que existe uma causa divina para o universo. Na verdade, este argumento implica que a existência do universo é o resultado de algo distinto de um estado divino, ou seja, uma causa. Tampouco pode qualquer argumento indutivo baseado no fato de que todos os eventos observados tem uma causa ser utilizado para amparar a tese de que o Big Bang é o resultado de um estado divino, uma vez que este argumento indutivo em vez disso respalda a tese de que o Big Bang é o efeito de alguma causa.
De fato, todos os variados argumentos cosmológicos e teleológicos a favor da existência de Deus são na verdade argumentos favoráveis à sua inexistência. Estes argumentos são argumentos para a tese de que o universo possui uma causa e se o universo possui uma causa, Deus não existe. Isto pode ser demonstrado da seguinte maneira:
A definição tradicional de Deus é: x é Deus se e somente se x é onisciente, onipotente, onibenevolente e é a causa de qualquer universo que exista. Vimos que o que é tradicionalmente expresso por “Deus é a causa do universo”, se for logicamente coerente, deveria em vez disso ser expresso por “Deus R-iza o universo”. Assim a definição correta de Deus declara: x é Deus se e somente se x é onisciente, onipotente, onibenevolente e R-iza qualquer universo que exista. Desta definição resulta que é uma propriedade essencial de Deus que ele R-iza qualquer universo que exista. Como esta propriedade é essencial a Deus, não existe mundo possível no qual é verdadeiro tanto que Deus exista quanto que exista um universo com o qual Deus não mantém uma relação R.
Nossa discussão da teoria da causação de Sosa sugeriu que a relação causal e a relação divina R são dois tipos diferentes de relações resultado-produto, tomando emprestado a expressão de Sosa. Se o universo é o resultado de uma relação causal resultado-produto, não é o resultado de uma relação resultado-produto do tipo R, e se o universo é o resultado de um ato divino de R-ar, não é o resultado de uma causa. Se existe um mundo possível no qual algum universo é o resultado de uma causa, segue-se que Deus não existe nesse mundo possível.
Isto mostra como um argumento cosmológico para a inexistência de Deus pode ser explicitamente construído. As premissas e inferências são mencionadas no seguinte argumento:
(4) Tudo o que começa a existir possui uma causa.
(5) O universo começou a existir.
Portanto,
(6) O universo possui uma causa.
(7) Se o universo é o resultado de uma causa, não é o resultado de Deus estar numa relação R com o universo.
(8) É uma propriedade essencial de Deus que ele R-iza qualquer universo que exista.
Portanto [a partir de #7 e #8],
(9) Não existe mundo possível no qual seja simultaneamente verdadeiro que Deus existe e que existe um universo que é o resultado de uma causa.
Portanto [a partir de #6 e #9]
(10) Deus não existe.
Se a cosmologia do Big Bang é verdadeira (e portanto #5 é verdadeira), parece que a premissa com o status epistêmico mais baixo ou fraco é a primeira premissa, “Tudo o que começa a existir tem uma causa”. Mas William Lane Craig diz sobre esta premissa: “a primeira premissa é tão intuitivamente óbvia, especialmente quando aplicada ao universo, que provavelmente ninguém em seu juízo perfeito realmente acredita que seja falsa.”[22] Se Craig estiver certo e meu argumento for sólido, segue-se que provavelmente ninguém em seu juízo perfeito que acredita que a existência do universo possui um princípio realmente acredita que Deus existe.
As mesmas considerações se aplicam ao argumento teleológico, do qual uma versão declara:
(11) Artefatos são causados a existir por algum(ns) ser(es) inteligente(s) com algum objetivo em mente.
(12) O universo assemelha-se a um artefato.
Portanto, é provável que:
(13) O universo foi causado a existir por algum(ns) ser(es) inteligente(s) com algum propósito em mente.
Se este é um argumento analógico apropriado, então é provavelmente verdadeiro que a relação resultado-produto envolvida na explicação da razão do universo existir é uma relação causal que algum ser inteligente mantém com o universo. Segue-se (considerando-se as proposições #7 e #9) que Deus provavelmente não existe.
Uma vez que os argumentos cosmológico e teleológico tem sido tradicionalmente considerados os argumentos mais poderosos para a existência de Deus, e uma vez que eles respaldam o ateísmo em vez do teísmo, agora parece que o caso para o teísmo é realmente muito fraco. É difícil imaginar como se poderia estabelecer indutiva ou dedutivamente, ou se achar auto-evidente, que o Big Bang é a consequencia lógica de algo mantendo uma relação R com o Big Bang. Talvez existam alguns argumentos honestamente plausíveis sustentando que o Big Bang tem uma causa, mas não há argumentos existentes ou plausíveis de que o Big Bang possui uma condição logicamente suficiente num estado mental acausal. Isto sugere que a crença na existência de Deus é consideravelmente menos razoável do que os mais cautelosos teólogos naturais tem tradicionalmente suposto.
Pode-se argumentar que uma definição disjuntiva pode resolver o problema. Suponha que temos esta definição disjuntiva de causação: c é uma causa de e se e somente se c é ou uma condição logicamente suficiente de e, ou c não é uma condição logicamente suficiente de e mas satisfaz (digamos) as condições humeanas.
Um problema com esta definição disjuntiva é que ela classifica o sol ser amarelo como uma causa do sol ser colorido. De maneira que não funciona por esta razão, assim como pelas outras razões mencionadas em minha discussão da explicação de causação oferecida por Sosa.
Mesmo que acresçamos a condição da prioridade temporal, esta definição disjuntiva não irá funcionar. Podemos dizer: c é uma causa de e se e somente se OU c é tanto uma condição logicamente suficiente de e quanto temporalmente anterior a e OU c não é uma condição logicamente suficiente de e e satisfaz (digamos) as condições humeanas. John ser um organismo vivo (ou John ser encarnado num corpo mortal no instante t) é tanto temporalmente anterior a quanto é uma condição logicamente suficiente para João estar morto, mas João ser um organismo vivo (ou João estar encarnado num corpo mortal no instante t) não é a causa de sua morte. Sua morte é causada, digamos, por um atropelamento ao atravessar a rua. O conceito expresso por “é um organismo vivo” analiticamente inclui o conceito expresso por “é mortal” e as verdades lógicas relevantes (por exemplo, “se x é um organismo que morre, então x morre”) podem ser obtidas por substituição de sinônimos.
Suponha que nos tornemos ainda mais específicos e em vez disso digamos: c é uma causa de e se e somente se OU c é Deus na relação R com e OU c não é uma condição logicamente suficiente de e e satisfaz (digamos) as condições humeanas. Mas esta tentativa de produzir uma definição satisfatória fracassa por duas razões interrelacionadas:
(i) Uma condição logicamente necessária para uma definição correta de um universal puramente qualitativo, seja uma propriedade monádica ou uma relação (como a causação ou a intencionalidade) é que a definição não inclua um disjunto que menciona um caso particular que não satisfaz as condições gerais descritas no outro disjunto. Um universal puramente qualitativo não inclui quaisquer particulares como constituintes. Um exemplo de universal qualitativo impuro é ser mais alto que o Monte Everest. Definições de universais puramente qualitativos mencionam condições gerais e não incluem referencias a qualquer caso particular, como o caso particular de Deus numa relação R com algo.
(ii) Se se permitisse que esta condição lógica para as definições corretas de universais puramente qualitativos (isto é, a condição de não mencionar qualquer caso particular num disjunto) fosse violada, então o procedimento de testar definições pelo método dos contraexemplos (o método padrão para se testar a correção de definições) não mais seria utilizável. Qualquer contraexemplo para uma definição poderia ser tornado consistente com a definição adicionando-se à definição o disjunto que menciona o contraexemplo. Para salvar a definição “x é um planeta se e somente se x é um corpo grande que orbita uma estrela e não contém vida”, podemos expandi-la para “x é um planeta se e somente se x é um corpo grande que orbita uma estrela e não contém vida OU x é a Terra.” A distinção entre definições corretas e definições ad hoc desmoronaria.
Quarta Objeção
Um argumento final é que filósofos de Platão a Plantinga tem descrito o estado mental relevante de Deus como uma causa do universo, e portanto esta é uma noção aceitável. Há tanto um costume filosófico estabelecido de chamar a relação de Deus como universo uma “relação causal” quanto uma longa e venerável tradição que sustenta ser coerente descrever um estado mental divino como uma causa.
Este argumento, que na verdade é um “apelo à autoridade”, é malsucedido, uma vez que se este argumento fosse admissível, ele poderia ser usado para rejeitar qualquer nova teoria que seja inconsistente com as teorias tradicionalmente sustentadas. Este “apelo à autoridade” na melhor das hipóteses nos motiva a examinar seriamente a noção de que os estados mentais de Deus são causas, em respeito ao fato de que praticamente todos os filósofos e leigos aceitaram esta noção como logicamente incontroversa.
Para responder plenamente a esta objeção talvez precisemos também de uma explicação da razão pela qual esta tradição equivocada prevaleceu por tanto tempo e entre tantos filósofos. Acredito que a principal razão seja que uma investigação da conexão lógica entre o que é expresso por “o começo da existência do universo é o resultado de um ato divino” e o que é expresso por “o evento natural e é o resultado causal do evento natural c” não ter sido empreendida de maneira sistemática. (A principal exceção é a diferente mas esclarecedora discussão desta conexão nos escritos recentes de Adolf Grünbaum[21]. A maioria dos filósofos tem pressuposto de maneira implícita que “a causação divina é logicamente possível” é incontroversa, mas uma vez que esta tese seja examinada, a pressuposição revela-se falsa.
6. Conclusão: Argumentos Cosmológicos e Teleológicos para a inexistência de Deus
À primeira vista, pode parecer que o argumento deste artigo nos diz mais sobre a natureza da causação e a natureza de Deus do que sobre a disputa ateísmo versus teísmo. “Um estado divino não pode causar o começo da existência do universo” não implica que Deus não existe ou que o Big Bang não seja o resultado lógico de um estado divino. Ele implica meramente que não podemos descrever um estado divino como a causa originária do universo.
Não obstante, há implicações importante e talvez decisivas para o debate entre o ateísmo e o teísmo, a saber, que argumentos a partir de verdades necessárias, verdades apriorísticas ou verdades empíricas de algum principio causal não podem ser uma premissa relevante da qual deduzir ou induzir que o Big Bang é a consequencia lógica de Deus manter uma relação R com a propriedade de ser o Big Bang. Considere o seguinte argumento:
(4) Tudo o que começa a existir tem uma causa.
(5) O universo começou a existir.
Portanto,
(6) O universo possui uma causa.
Este argumento fracassa em respaldar a tese de que Deus existe ou que existe uma causa divina para o universo. Na verdade, este argumento implica que a existência do universo é o resultado de algo distinto de um estado divino, ou seja, uma causa. Tampouco pode qualquer argumento indutivo baseado no fato de que todos os eventos observados tem uma causa ser utilizado para amparar a tese de que o Big Bang é o resultado de um estado divino, uma vez que este argumento indutivo em vez disso respalda a tese de que o Big Bang é o efeito de alguma causa.
De fato, todos os variados argumentos cosmológicos e teleológicos a favor da existência de Deus são na verdade argumentos favoráveis à sua inexistência. Estes argumentos são argumentos para a tese de que o universo possui uma causa e se o universo possui uma causa, Deus não existe. Isto pode ser demonstrado da seguinte maneira:
A definição tradicional de Deus é: x é Deus se e somente se x é onisciente, onipotente, onibenevolente e é a causa de qualquer universo que exista. Vimos que o que é tradicionalmente expresso por “Deus é a causa do universo”, se for logicamente coerente, deveria em vez disso ser expresso por “Deus R-iza o universo”. Assim a definição correta de Deus declara: x é Deus se e somente se x é onisciente, onipotente, onibenevolente e R-iza qualquer universo que exista. Desta definição resulta que é uma propriedade essencial de Deus que ele R-iza qualquer universo que exista. Como esta propriedade é essencial a Deus, não existe mundo possível no qual é verdadeiro tanto que Deus exista quanto que exista um universo com o qual Deus não mantém uma relação R.
Nossa discussão da teoria da causação de Sosa sugeriu que a relação causal e a relação divina R são dois tipos diferentes de relações resultado-produto, tomando emprestado a expressão de Sosa. Se o universo é o resultado de uma relação causal resultado-produto, não é o resultado de uma relação resultado-produto do tipo R, e se o universo é o resultado de um ato divino de R-ar, não é o resultado de uma causa. Se existe um mundo possível no qual algum universo é o resultado de uma causa, segue-se que Deus não existe nesse mundo possível.
Isto mostra como um argumento cosmológico para a inexistência de Deus pode ser explicitamente construído. As premissas e inferências são mencionadas no seguinte argumento:
(4) Tudo o que começa a existir possui uma causa.
(5) O universo começou a existir.
Portanto,
(6) O universo possui uma causa.
(7) Se o universo é o resultado de uma causa, não é o resultado de Deus estar numa relação R com o universo.
(8) É uma propriedade essencial de Deus que ele R-iza qualquer universo que exista.
Portanto [a partir de #7 e #8],
(9) Não existe mundo possível no qual seja simultaneamente verdadeiro que Deus existe e que existe um universo que é o resultado de uma causa.
Portanto [a partir de #6 e #9]
(10) Deus não existe.
Se a cosmologia do Big Bang é verdadeira (e portanto #5 é verdadeira), parece que a premissa com o status epistêmico mais baixo ou fraco é a primeira premissa, “Tudo o que começa a existir tem uma causa”. Mas William Lane Craig diz sobre esta premissa: “a primeira premissa é tão intuitivamente óbvia, especialmente quando aplicada ao universo, que provavelmente ninguém em seu juízo perfeito realmente acredita que seja falsa.”[22] Se Craig estiver certo e meu argumento for sólido, segue-se que provavelmente ninguém em seu juízo perfeito que acredita que a existência do universo possui um princípio realmente acredita que Deus existe.
As mesmas considerações se aplicam ao argumento teleológico, do qual uma versão declara:
(11) Artefatos são causados a existir por algum(ns) ser(es) inteligente(s) com algum objetivo em mente.
(12) O universo assemelha-se a um artefato.
Portanto, é provável que:
(13) O universo foi causado a existir por algum(ns) ser(es) inteligente(s) com algum propósito em mente.
Se este é um argumento analógico apropriado, então é provavelmente verdadeiro que a relação resultado-produto envolvida na explicação da razão do universo existir é uma relação causal que algum ser inteligente mantém com o universo. Segue-se (considerando-se as proposições #7 e #9) que Deus provavelmente não existe.
Uma vez que os argumentos cosmológico e teleológico tem sido tradicionalmente considerados os argumentos mais poderosos para a existência de Deus, e uma vez que eles respaldam o ateísmo em vez do teísmo, agora parece que o caso para o teísmo é realmente muito fraco. É difícil imaginar como se poderia estabelecer indutiva ou dedutivamente, ou se achar auto-evidente, que o Big Bang é a consequencia lógica de algo mantendo uma relação R com o Big Bang. Talvez existam alguns argumentos honestamente plausíveis sustentando que o Big Bang tem uma causa, mas não há argumentos existentes ou plausíveis de que o Big Bang possui uma condição logicamente suficiente num estado mental acausal. Isto sugere que a crença na existência de Deus é consideravelmente menos razoável do que os mais cautelosos teólogos naturais tem tradicionalmente suposto.
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